sábado, 16 de junho de 2012

Os desafios e felicidades em ter cachorro e gato na mesma casa

A primeira postagem do blog é sobre a máxima: "como cães e gatos". Será que esses dois animais, vistos como inimigos de toda a vida por muitos, conseguem viver juntos e bem? 
Minha primeira experiência gato-cachorro foi ótima. Eu tinha um poodle de uns 3 anos e dois gatos. Eles nunca foram amigos, mas conviviam bem. Nunca houve atritos, nem perseguições.
A minha tensão com o assunto começou recentemente, quando adotei uma cadelinha de uns três meses já tendo um gato de quase um ano. A minha expectativa: o gato adotando ela como melhor-amiga-da-vida, com direito a lambidas e brincadeiras bonitinhas. A realidade: uma catástrofe. Ela perseguia o gato loucamente, não o deixava comer, nem usar a caixa de areia. Obviamente ela fazia isso por ser uma filhote brincalhona. Minha surpresa: meu gato, que é um querido e super carinhoso, não gostou nem um pouco da ideia. Miava desesperado, "riscava fósforo", mal podia andar pela casa porque senão era surpreendido com uma monstrinha linda em cima dele. 
Primeiros dias: "Mamãe, tira ela daqui?"
Tive muitos momentos de desânimo e desespero, mas toda vez que eu me pegava pensando que isso nunca ia acabar, eu tentava focar em uma palavra: paciência.
Quem tem/teve cachorro filhote sabe que essa palavra é uma das mais importantes pra que a convivência seja boa. Mas é fato que apresentar um cachorro filhote a um gato já adulto pede doses mais altas de paciência. 
Li muito sobre comportamento canino e felino e uma das coisas mais interessantes que aprendi é que a situação complicada acontece por um principal motivo: a linguagem do cão é diferente da linguagem do gato. Ou seja, se para o cachorro, abanar o rabinho é sinal de intensa alegria, para o gato, sinal de que ele não tá gostando nada-nada de alguma coisa. Da mesma forma, o gato, tão charmoso e "balançante", parece uma presa para o cachorro brincalhão.  Essas e outras coisas fazem com que a comunicação entre eles fique complicada, como foi o meu caso.
É claro que existem casos lindíssimos de relacionamento gato-cachorro e isso não é tão difícil quanto parece, mas quero focar na dificuldade e em como lidar com ela:

A hora da apresentação: Cuidado na hora de apresentar o seu novo animalzinho ao animal que já é seu. Deixe o novo na caixa de transporte ou em um cômodo separado por algum tempo para que o outro se acostume com o cheiro. Vá possibilitando o contato aos poucos.

Dê limites: Se você tem aquelas grades que separam ambientes, é bacana deixar o cachorrinho separado do gato por alguns dias. Se isso não for possível, deixe o cachorro com guia para que você possa puxá-lo e dizer "NÃO" toda vez que ele queira fazer algo com o gato. Se o seu gato estiver violento com o cachorro, use o borrifador de água.

Faça com que gato e cachorro associem a presença um do outro com coisa boa: Toda vez que eles estiverem perto, numa boa, dê um petisco aos dois. O mesmo deve acontecer quando você estiver fazendo carinho em um: faça no outro também para que não haja ciúmes.

Treino de senta e fica: Cachorros aprendem rápido e mais do que isso: precisam de você para se tornarem disciplinados e mais felizes. Assim, ensine o comando "senta" e "fica". Se o seu cachorro estiver numa boa e o gato passar por ele, ele vai querer ir atrás do gato. É nessa hora que o comando "fica" tem que valer. O cachorro vai olhar pra você e olhar pro gato, querendo dizer algo do tipo: "deixa eu ir atrás dele, mamãe". Mas não vai sair de lá enquanto você não deixar. Isso vale um petisco, claro - que deve ser dado na mesma hora para que o animal entenda. Tem um vídeo que mostra isso na prática aqui.

Punindo toda vez que o cachorro perseguir o gato: Você tem que fazer com que a perseguição com o gato seja punida com uma coisa que o cachorro não gosta. Isso pode ser: apito, palma, batida com o jornal em algum lugar próximo para fazer barulho, balançar forte uma lata cheia de sementes etc. Nunca bata ou maltrate seu cachorro. Isso só vai fazer com que ele tenha medo das suas mãos e de você - o que pode significar um cão medroso ou agressivo com você mesmo mais tarde.

Dê outras opções de brincadeira para o cachorro: Quem tem gato sabe: os felinos são super brincalhões, mas só brincam quando querem. Já os cachorros, principalmente os filhotes, brincam toda hora. O gato então passa a ser o brinquedo preferido do cachorro. E isso não pode acontecer porque acaba deixando o gato de saco cheio. Então não esqueça de oferecer outras possibilidades de brinquedo para o seu cachorro. Perseguiu o gato? Diga "NÃO" e o leve até um ursinho ou uma bolinha. Tente deixar as outras coisas mais legais do que um felino charmoso correndo pela casa.

Paciência extra: Como eu já disse, paciência com certeza é o mais importante. Estou há mais de três meses tentando fazer com que o meu gato e a minha cadela fiquem numa boa.  E é óbvio que isso pode durar bem menos ou bem mais, vai depender dos seus animais e de você. Depois de todo esse tempo, posso dizer que as coisas estão melhores. A cadela já está entendendo que não é legal perseguir o gato e já obedece bem quando a gente diz "não". O mais engraçado é que dá pra perceber que ela é completamente apaixonada pelo irmão felino. O problema é que nem sempre o irmão felino sabe entender esse amor. Por outro lado, tem horas que o irmão felino é quem a procura - provoca, sai correndo atrás dela, se esconde pra que ela vá atrás dele... É muito bonito ver o começo dessa amizade. Além de aprendermos um monte sobre a relação cão-gato, acabamos ganhando lambidas e ronron ao mesmo tempo. Claro que às vezes as coisas saem do controle e o gato esperneia com ela em cima dele, mas, no geral, as coisas estão começando a darem certo. O importante é não desistir nunca. 

Momento de amor entre os dois. Durou pouco, mas existiu.

por Layse Moraes

Um comentário:

  1. ai, Lay, que bom ouvir isso. bem, a minha dificuldade foi contrária. eu já tinha uma cadela, akita, há uns seis anos. ela já estava acostumada com o seu lugar e uma família inteira só para ela, aí, eis que chega esse gatinho vira-lata!!

    bem, como a milu já tinha sua idade de moça-mulher e sendo uma raça muito tranquila, não tivemos muitos problemas com ela, o caso foi o contrário.. o gato logo aprendeu a como se defender também, não que a milu tenha tentado efetivamente fazer alguma coisa, mas ver um cachorrão 20 vezes maior que você não devia ser nada agradável! então, as reclamações vinham dela, porque o "cucuninho" (sim, ele atende por esse nome!) logo começou a arranhar, morder e tudo o mais - e pior, sem motivos.

    se o amor existe? existe. e quem teve que ter paciência foi ela, que hoje, já idosa, não deixa de fazer manha e pedir nossa atenção. acho que no fundo é mais uma questão de idade mesmo. logo logo a cena que você registrou vai ser mais constante do que você imagina. deixa a cadelinha amadurecer :)

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